HISTÓRIA ORAL NA SALA DE AULA
Perguntas?
No nosso trabalho na Feira Livre de Colinas do Tocantins utilizamos algumas ferramentas da História Oral. A metodologia é muito utilizada nas pesquisas acadêmicas em História e outras ciências Humanas como forma de produzir fontes quando se trabalha com o tempo presente, com sujeitos vivos e quando não se dispõe fontes escritas sobre o tema de pesquisa.
DÁ PARA USAR A HISTÓRIA ORAL NA ESCOLA?
A História Oral é uma excelente metodologia para ser levada à sala de aula. Através da História Oral alunos, professores e comunidade podem estabelecer diálogos que tornam o aprendizado sobre a história local mais dinâmico e participativo. Além de exercitar a escuta e o convívio entre os diversos grupos, constituindo-se um importante instrumento de cidadania. Através da História Oral os estudantes podem ouvir as histórias contadas pelos mais velhos e aprender sobre os saberes que esses dominam. Instruir-se sobre estas histórias pessoais de luta e sobrevivência possibilita que os estudantes tenham eles próprios a noção que a história é feita pela ação de cada indivíduo e não somente por grandes homens e seus grandes marcos históricos. A partir disto os estudantes podem perceber que eles também estão construindo seu próprio futuro e podem ter uma maior consciência do seu protagonismo no grupo social a qual pertencem.
COMO PODEMOS USAR A HISTÓRIA ORAL NO ENSINO DE HISTÓRIA
Na esfera dos estudos do local, seja este local a escola, mercados, bairros, manifestações e etc., a História Oral permite com sucesso ter acesso e registro da história, da memória e lembranças da comunidade. Porém, não basta sairmos com gravadores perguntando aleatoriamente por aí. Na escola temos que ter uma série de cuidados e precauções para que a História Oral possa ser aplicada com sucesso
QUAIS OS CUIDADOS QUE DEVO TER AO UTILIZAR HISTÓRIA ORAL NA ESCOLA
Primeiro requer algum cuidado conceitual em relação a memória. Deve-se levar em conta que a memória não é exata, rígida e nem espontânea. Ao invés disto ela mutável, seletiva e coletiva. Lembramos o que é importante para nós e suprimimos memórias que não são relevantes paras enredos que construímos ou que é dolorosa demais para ser rememorada. Também incorporamos memórias de eventos do grupo de pertencimento, mesmo que não tenhamos o visto nós mesmos, pois a memória coletiva é o amálgama da nossa identidade cultural.
Em segundo lugar, a História Oral costuma ser a forma de ouvir as pessoas comuns. Mas não estaremos “dando voz a alguém”. O que nós estamos fazendo é ouvindo-as. Pois normalmente trata-se de grupos que não tem espaço de fala na mídia e até mesmo na tomada de decisão sobre as políticas públicas que os atingem. Também não se trata de arrancar verdades, mas sim de um trabalho de escuta atenta, percepção de subjetividades, exercício de sensibilidade e cumprimento da ética. Portanto, excelente para ser trabalhado com estudantes nas aulas de História pois traz a visibilidade para o fato de não existir a verdade única e sim versão do mesmo fato que podem variar de acordo com o lugar de fala do seu entrevistado.
OS TIPOS DE HISTÓRIA ORAL
HISTÓRIA ORAL DE VIDA
Nesta categoria de história oral, na maioria das vezes, obtém-se longas horas de gravação pois o entrevistado narra toda a sua trajetória de vida. Cabe ao entrevistador puxar o fio da conversa, incentivar e provocar a memória em busca de aprofundamento e mais detalhes sobre o indivíduo, do ambiente em que ele vive, de episódios marcantes e de como são suas relações sociais. Exige diálogo e confiança da relação entrevistado e entrevistador que podem ter de se encontrar várias vezes durante a realização do trabalho.
ENTREVISTA TEMÁTICA OU ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA
Essa modalidade de entrevista busca conhecer um assunto específico, que geralmente é o tema do projeto, por meio das memórias do entrevistado. Para isso elabora-se um roteiro de perguntas. Mesmo que o formulário tenha algumas perguntas sobre a vida do entrevistado a entrevista é orientada para um assunto definido. Como um fato que o entrevistado testemunhou, um saber que ele domina, uma profissão que ele exerceu e etc. Na escola é o mais prático para ser executado e também é o mais comum. Pois, no geral, se faz as entrevistas dentro de um tema definido no planejamento curricular.
ALGUMAS SUGESTÕES PARA O USO DE FONTES ORAIS NO ENSINO DE HISTÓRIA
ASPECTOS QUE DEVEM SER LEVADOS EM CONTA AO USAR HISTÓRIA ORAL NA ESCOLA.
Todos devem ser informados qual o objetivo do trabalho de história oral e qual será o destino dos depoimentos.
Jamais gravar sem que o entrevistado saiba que está sendo gravado.
Se o entrevistado pedir que você não divulgue algum trecho da entrevista, você deve atender o pedido.
Se você perceber que algum trecho da entrevista pode trazer algum tipo de risco ou constrangimento ao entrevistado, não o use.
Tenha autorização por escrito para a realização e uso da entrevista. Também deixe uma cópia desse termo de consentimento ao entrevistado.
TREINE OS ESTUDANTES
Os alunos devem ser preparados para a realização das entrevistas. Além de saberem exatamente o objetivo das entrevistas os estudantes devem ter domínio dos equipamentos, saber previamente um pouco do seu entrevistado e conhecer as perguntas. Listamos mais alguns detalhes para a preparação dos estudantes.
Teste todos os equipamentos previamente.
Defina a função de cada aluno no momento da entrevista. Qual fará registro fotográfico, quem cuidará de um relatório escrito, quem fará as perguntas, qual cuidará dos documentos de consentimento e etc.
Ensaie as entrevistas. Incentive os alunos a se entrevistarem utilizando as perguntas do roteiro. Dessa forma já se verifica se o roteiro está adequado ao entrevistado, se os equipamentos funcionam. Além disto com treino o aluno passará mais segurança e confiabilidade no momento da entrevista.
Treine os alunos para que adaptem as perguntas do roteiro utilizando sinônimos, improvisações e repetição de palavras. Pois pode ocorrer que a pergunta seja inteligível para eles, mas não para o entrevistado.
Atente-os para a possiblidade de criar novas perguntas a partir da resposta do entrevistado. Ou seja, o roteiro de perguntas é um guia e permite que seja adicionado mais elementos no momento da entrevista.interrupção e pausa de entrevista em caso de barulhos que atrapalhem o áudio da gravação.
Alerte os estudantes para sempre levarem em conta a emoção, a sensibilidade e a subjetividade dos entrevistados. Elas são parte importante da entrevista.
Prepare-os para a eventual necessidade de interrupção e pausa da entrevista em caso de barulhos que atrapalhem o áudio da gravação.
Escolha um lugar confortável para a entrevista. Este local deve acomodar todos os envolvidos e permitir que o entrevistado e os alunos fiquem a vontade para conversar sem interrupções.
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