ENSINO DE HISTÓRIA E
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
UMA PROPOSTA DIDÁTICA
por Aleticia Rocha
Este site é parte complementar da dissertação de mestrado com o título: Educação Patrimonial: A feira livre como espaço de aprendizagem histórica.

Peças de decoração produzidas por artesãos locais. (foto: Aletícia Rocha)
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As frutas da Feira de Colinas
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Roupas

Peças de decoração produzidas por artesãos locais. (foto: Aletícia Rocha)
FEIRA LIVRE: ESPAÇO DE APRENDIZAGEM
a cidade é uma sala de aula
Você acha que uma feira livre é um simples ponto de comércio a céu aberto?
Pois saiba que as feiras têm uma origem histórica bem antiga e que estão ligadas a origem de todas as cidades. Por serem espaços de grande movimentação de pessoas as feiras espelham a cultura dos locais aos quais pertencem. Através das roupas, da alimentação, dos objetos de artesanato, das especiarias, dos produtos orgânicos, além das relações humanas que são encontrados nelas podemos identificar traços da identidade regional.
As feiras existem desde que o homem começou a estocar alimentos e a trocá-los com outros produtores na antiguidade. Na Idade Média tiveram importante papel no renascimento urbano e do comércio. No Brasil, temos registros da realização delas apenas após a chegada dos portugueses no período colonial.
Os trabalhadores das feiras livres têm muita coisa para contar sobre a cidade, sobre a preparação dos produtos para a feira, sobre a forma como aprenderam suas atividades, pois algumas são bem tradicionais e artesanais. Em uma visita as barracas de uma feira livre podemos pesquisar sobre os costumes e hábitos alimentares dos fregueses, que são ligados a cultura da cidade e também podemos conhecer as mudanças nos espaços urbanos a partir da vivência dos feirantes.


AS FEIRAS LIVRES COMO ESPAÇO DE APRENDIZAGEM HISTÓRICA
Como já sabemos, as feiras têm sua origem com o surgimento das cidades quando serviam para abastecer as comunidades dos suprimentos de primeira necessidade. Por esta razão propomos aulas de História na Feira Livre de Colinas do Tocantins como forma de conhecer a história local. As feiras são organismos vivos que se adaptam as características de cada região. Ou seja, manifestam a cultura dos povos que passam por elas, constituindo elas próprias um patrimônio cultural das comunidades. Abraçamos este patrimônio urbano como um local de aprendizagem histórica através de uma proposta divertida e dinâmica de exploração do espaço e do contato dos estudantes com as pessoas que trabalham nela. Nosso site traz atividades a serem realizada em feiras livres.
Quando a gente fala sobre patrimônio, estamos discutindo aquilo que é comum a mim e a você. O que nos une como sociedade”.
"O patrimônio cultural é o que nos une"
Luiz Fernando de Almeida


EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
Conheça as etapas da metodologia
Trata-se de um processo permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no Patrimônio Histórico Cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo. A partir da experiência e do contato direto com as práticas e manifestações da cultura, o trabalho da Educação Patrimonial busca levar as crianças e adultos a um processo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto destes bens, e propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos, num processo contínuo de criação cultural. Como uma aliada do ensino de História a educação patrimonial possibilita a pesquisa e exploração do local em que se vive. Afinal é mais interessante para os adolescentes perseguirem a origem do seu local de nascimento ou adoção do que estudar locais com os quais não tem qualquer envolvimento. Logo, a educação patrimonial é uma excelente estratégia de ensino da História local.

OBSERVAÇÃO
Nesta etapa propõe se a identificação do objeto, da manifestação, da categoria de patrimônio ao qual pertence. Suas funções e significados para a comunidade. Como atividade para os participantes sugere- se exercícios de percepção visual/sensorial, por meio de perguntas, manipulação, experimentação,medição, anotações, comparação, dedução, jogos de detetive.
Como fazer na aula de História:
Selecione fotos e vídeos da feira livre da sua cidade e faça uma apresentação para a sua turma de estudantes. Em cada foto mostre categorias de patrimônio que elas representam. O conceito de Patrimônio Cultural Imaterial dialoga com a valorização da ancestralidade e das tradições e práticas culturais. A concepção abrange as expressões de cultura, tradições e feitos comum de um determinado grupo, ofícios estes que são eternizados e passados para as gerações futuras. Por exemplo: Artigos de artesanato como peças de crochê representam os modos de fazer. Aqui no Tocantins, artigos feitos de capim dourado representam o saber e fazer típicos da região do Jalapão.
Explore a história que o “saber e fazer” daqueles objetos contam. Outro exemplo: a arte de fazer bordados e rendas manualmente é passado de geração em geração futuras, o momento de fazer as peças servem para a conversas e troca de experiencias no grupo social.
A culinária é semelhante, pois barracas de comida representam a culinária local que também são saberes tradicionais. Um olhar para as frutas, verduras, ervas e temperos também permitem saber quais o usos mais comuns para esses itens. Além disto as formas de cultivar a terra cultivar a terra são obras dos modo típico local e contam uma história da apropriação do espaço.
REGISTRO
Após apresentar o conceito de Patrimônio Histórico Cultural e exibir os fotos e vídeos da feira ou mercado para os estudantes. É hora de reforçar os conteúdos e propõe-se que os estudantes expressem o que aprenderam nas aulas.
Atividade1: proponha que os alunos elaboram a sua representação sobre a Feira ou mercado. Eles podem utilizar:
Desenhos
Textual: poesia, texto descritivo.
Música
Fotografias
Maquetes
Colagens
Mapas
Faça uma exposição dos trabalhos dos alunos na sala de aula ou em uma área da escola que permitam que os sejam visualizados por todos.
EXPLORAÇÃO
Nesta etapa os estudantes farão a aula de campo, ou seja: A visita a feira livre. Com a exploração e análise do bem cultural com discussões, questionamentos, avaliações, pesquisas em outros lugares (como bibliotecas, arquivos, cartórios, jornais, revistas, entrevistas com familiares e pessoas da comunidade), desenvolvendo as capacidades de análise e espírito crítico, interpretando as evidências e os significados.
Preparação: O professor deve visitar o local para conversar e preparar alguns feirantes para a visita dos alunos. É importante que os feirantes saibam o objetivo da sua visita e que concordem com a sua presença ali durante o trabalho deles e assim estejam abertos a conversar com os alunos.
Para essa atividade o professor deve elaborar um roteiro da excursão, como um roteiro turístico, afinal o passeio pela feira é uma aula de História: Apresente a história da cidade e contextualize o espaço urbano enquanto andam pela feira. Definindo um tempo e quais lugares farão paradas e quais stands podem ser visitados.
Os materiais que os alunos devem levar:
Caderno, canetas, câmera fotográfica ou de vídeo.
Atividade 1: Conhecendo o o bem cultural
Os alunos devem elaborar uma descrição do espaço, da manifestação ou bem cultural que visitaram. Nesta atividade é a feira.
Itens básicos a serem observados.
Qual a localização da Feira?
Quais os dias e horários de funcionamento?
Existe uma associação ou pessoa responsável pela organização geral da feira?
Como são os prédios em arredores?
Como se apresenta?
O que é vendido?
Como é a organização das barracas (é dividido em setores?)
Como são enfeitadas as barracas?
Como são os visitantes da feira?
É possível perceber quais as barracas mais visitadas?
Atividade 2: Redigindo um Relato de Viagem
Atividade que pode ser feita com auxílio do professor de Língua Portuguesa, uma vez que o relato de viagem é um gênero literário. O relato de viagem é uma experiencia diferente para o escritor e para o leitor. A pessoa que o escreve deve ter a clara noção que precisa descrever em detalhes o que viu e o máximo de sensações que sentiu no lugar para que a pessoa que está lendo o relato também possa senti-las e talvez até despertar o interesse de visita-lo também.
O estudante deve relatar os cheiros dos produtos, os sons que ouviu, a textura das coisas que tocou, as cores de tudo que viu, como estava o clima, como eram as pessoas. Narrar os principais acontecimentos, inclusive como era expectativa para a visita, como foi o trajeto e translado para a feira. Não se esqueça que as curiosidades relatadas são as que mais chamarão a atenção do leitor.
Atividade 3: Comparação de Preços
As feiras competem com os supermercados na oferta de vários produtos. Então é bastante interessante fazer uma comparação de alguns alimentos comuns dos dois espaços.
Busque a comparação de produtos frescos e orgânicos como frutas e legumes. É importante que os alunos façam primeiro a visita ao supermercado e só depois a feira.
Peçam que eles observem se é possível pechinchar.
Nas feiras uma das características mais comuns são os diálogos entre vendedores e clientes, as negociações de preço e frases que usam para atrair clientes. Então é interessante que anotem o primeiro preço que o feirante deu ao produto e se foi possível baixar o preço.
Observem e anotem as unidades de medida: exemplo: na feira a melancia é vendida por unidade. No supermercado por quilo. O desconto do feirante geralmente é dado por unidades: um abacaxi por 3 reais, dois abacaxis por 5 reais. Tudo isto deve ser observado.
Os alunos perceberão assim que supermercados e feiras possuem características distintas mesmo vendendo o mesmo produto.
Atividade 4: A Feira no Passado e no Presente
De posse de algumas fotografias e vídeos mais antigos da feira. Sugira que os estudantes façam uma comparação da feira no passado e com a atualidade. Para isto eles devem comparar as características da feira na fotografia e nas respostas da atividade 1.
Atividade 5: Entrevistas
Em pequenos grupos os alunos farão entrevistas com os feirantes. Para isto utilizar-se-á um instrumento da história-oral: O formulário semiestruturado. Com ele o professor e o grupo farão um roteiro de perguntas sobre a atividade do feirante e sua história no espaço pesquisado. É muito importante que as perguntas sejam adequadas a cada feirante se seu ramo de atividade.
Material: gravador de voz, câmera fotográfica, caderno, documento de sessão de direito de entrevista.
Exemplo de roteiro de perguntas:
PERGUNTAS SOBRE A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO.
Que horas você monta sua barraca?
Qual o seu tempo de permanência feira?
Qual horário você costuma ir embora?
Como ocorre a divisão do espaço das barracas na feira?
Quais os problemas que você acha que a Feira Livre apresenta atualmente?
Quais as mudanças você sugere a serem feitas no espaço da feira?
A prefeitura participa da organização da feira?
Como se dá essa participação?
PERGUNTAS SOBRE A ATIVIDADE
Há quanto tempo você é feirante?
O que você vende na feira de domingo?
Que outros produtos você já vendeu?
O que lhe motivou a ser feirante?
Seus familiares também são feirantes? O que eles vendem?
Como você aprendeu essa atividade? (Caso envolva a fabricação, como a tapioca e artesanatos).
7. O que o levou a escolher estes produtos para vender? (caso seja apenas venda).
PERGUNTAS SOBRE A HISTÓRIA DA FEIRA (AOS FEIRANTES COM MAIS ANOS EM ATIVIDADES)
O que você sabe sobre o surgimento da feira?
A feira sempre foi no mesmo local?
Você lembra qual número de feirantes no inicio?
Quais foram os primeiros produtos a serem oferecidos?
A prefeitura ajudou os feirantes de alguma forma?
Você pode citar alguma administração/prefeito/secretário que ajudou os feirantes?
Quais as mudanças você percebe no espaço ao longo do tempo?
Você acha que o perfil dos visitantes mudou ao longo do tempo?
Se sim, como era os visitantes antes, como é agora?
Quem são os seus clientes mais antigos?
APROPRIAÇÃO
A fase de apropriação objetiva mostrar o entendimento, a identidade e os laços afetivos que os estudantes desenvolveram com o bem cultural com o qual tiveram todo o envolvimento através das visitas, das entrevistas e etc. de modo a valorizar o bem trabalhado.
Atividade 1: Divulgando as entrevistas - Os alunos devem elaborar uma reportagem de vídeo a partir da entrevista que foi feita com os feirantes. O vídeo deve conter imagens da feira, um pouco sobre a atividade do feirante e partes da entrevista. A reportagem deve ressaltar o processo de transformação histórica ao longo dos anos e sua importância para a comunidade atual.
Atividade 2: Jornal Impresso – o grupo deve elaborar um jornal impresso, para isso podem usar programas Word ou Power Point com a história do feirante que entrevistaram. Esse Jornal tanto pode ser impresso ou em formato digital de forma que possa ser compartilhado em formato de imagem ou PDF nas redes sociais da escola.
Atividade 3: Exposição de fotos - As fotos produzidas durante todo o processo de pesquisa podem render uma exposição de fotos no pátio da escola. Para isto, os alunos devem organizar painéis com descrição e detalhes das fotos. É importante que as fotos sejam ampliadas e impressas em boa qualidade.
Atividade 4: Dramatização - Uma exposição de fotos pode ser feita no ambiente da feira para que os visitantes conheçam mais a história da própria cidade. Para isto deve-se montar um estande (Em Colinas do Tocantins, os estandes ou bancas são chamados de barracas) e nele apresentar fotos, objetos relacionados a feira. Os alunos podem atuar como feirantes e vez de vender produtos atraem os visitantes ao seu stand para ouvir e conhecer o trabalho que fizeram na feira.
HISTÓRIA ORAL NA SALA DE AULA
Perguntas?
No nosso trabalho na Feira Livre de Colinas do Tocantins utilizamos algumas ferramentas da História Oral. A metodologia é muito utilizada nas pesquisas acadêmicas em História e outras ciências Humanas como forma de produzir fontes quando se trabalha com o tempo presente, com sujeitos vivos e quando não se dispõe fontes escritas sobre o tema de pesquisa.
DÁ PARA USAR A HISTÓRIA ORAL NA ESCOLA?
A História Oral é uma excelente metodologia para ser levada à sala de aula. Através da História Oral alunos, professores e comunidade podem estabelecer diálogos que tornam o aprendizado sobre a história local mais dinâmico e participativo. Além de exercitar a escuta e o convívio entre os diversos grupos, constituindo-se um importante instrumento de cidadania. Através da História Oral os estudantes podem ouvir as histórias contadas pelos mais velhos e aprender sobre os saberes que esses dominam. Instruir-se sobre estas histórias pessoais de luta e sobrevivência possibilita que os estudantes tenham eles próprios a noção que a história é feita pela ação de cada indivíduo e não somente por grandes homens e seus grandes marcos históricos. A partir disto os estudantes podem perceber que eles também estão construindo seu próprio futuro e podem ter uma maior consciência do seu protagonismo no grupo social a qual pertencem.
COMO PODEMOS USAR A HISTÓRIA ORAL NO ENSINO DE HISTÓRIA
Na esfera dos estudos do local, seja este local a escola, mercados, bairros, manifestações e etc., a História Oral permite com sucesso ter acesso e registro da história, da memória e lembranças da comunidade. Porém, não basta sairmos com gravadores perguntando aleatoriamente por aí. Na escola temos que ter uma série de cuidados e precauções para que a História Oral possa ser aplicada com sucesso
QUAIS OS CUIDADOS QUE DEVO TER AO UTILIZAR HISTÓRIA ORAL NA ESCOLA
Primeiro requer algum cuidado conceitual em relação a memória. Deve-se levar em conta que a memória não é exata, rígida e nem espontânea. Ao invés disto ela mutável, seletiva e coletiva. Lembramos o que é importante para nós e suprimimos memórias que não são relevantes paras enredos que construímos ou que é dolorosa demais para ser rememorada. Também incorporamos memórias de eventos do grupo de pertencimento, mesmo que não tenhamos o visto nós mesmos, pois a memória coletiva é o amálgama da nossa identidade cultural.
Em segundo lugar, a História Oral costuma ser a forma de ouvir as pessoas comuns. Mas não estaremos “dando voz a alguém”. O que nós estamos fazendo é ouvindo-as. Pois normalmente trata-se de grupos que não tem espaço de fala na mídia e até mesmo na tomada de decisão sobre as políticas públicas que os atingem. Também não se trata de arrancar verdades, mas sim de um trabalho de escuta atenta, percepção de subjetividades, exercício de sensibilidade e cumprimento da ética. Portanto, excelente para ser trabalhado com estudantes nas aulas de História pois traz a visibilidade para o fato de não existir a verdade única e sim versão do mesmo fato que podem variar de acordo com o lugar de fala do seu entrevistado.
OS TIPOS DE HISTÓRIA ORAL
HISTÓRIA ORAL DE VIDA
Nesta categoria de história oral, na maioria das vezes, obtém-se longas horas de gravação pois o entrevistado narra toda a sua trajetória de vida. Cabe ao entrevistador puxar o fio da conversa, incentivar e provocar a memória em busca de aprofundamento e mais detalhes sobre o indivíduo, do ambiente em que ele vive, de episódios marcantes e de como são suas relações sociais. Exige diálogo e confiança da relação entrevistado e entrevistador que podem ter de se encontrar várias vezes durante a realização do trabalho.
ENTREVISTA TEMÁTICA OU ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA
Essa modalidade de entrevista busca conhecer um assunto específico, que geralmente é o tema do projeto, por meio das memórias do entrevistado. Para isso elabora-se um roteiro de perguntas. Mesmo que o formulário tenha algumas perguntas sobre a vida do entrevistado a entrevista é orientada para um assunto definido. Como um fato que o entrevistado testemunhou, um saber que ele domina, uma profissão que ele exerceu e etc. Na escola é o mais prático para ser executado e também é o mais comum. Pois, no geral, se faz as entrevistas dentro de um tema definido no planejamento curricular.
ALGUMAS SUGESTÕES PARA O USO DE FONTES ORAIS NO ENSINO DE HISTÓRIA
ASPECTOS QUE DEVEM SER LEVADOS EM CONTA AO USAR HISTÓRIA ORAL NA ESCOLA.
Todos devem ser informados qual o objetivo do trabalho de história oral e qual será o destino dos depoimentos.
Jamais gravar sem que o entrevistado saiba que está sendo gravado.
Se o entrevistado pedir que você não divulgue algum trecho da entrevista, você deve atender o pedido.
Se você perceber que algum trecho da entrevista pode trazer algum tipo de risco ou constrangimento ao entrevistado, não o use.
Tenha autorização por escrito para a realização e uso da entrevista. Também deixe uma cópia desse termo de consentimento ao entrevistado.
TREINE OS ESTUDANTES
Os alunos devem ser preparados para a realização das entrevistas. Além de saberem exatamente o objetivo das entrevistas os estudantes devem ter domínio dos equipamentos, saber previamente um pouco do seu entrevistado e conhecer as perguntas. Listamos mais alguns detalhes para a preparação dos estudantes.
Teste todos os equipamentos previamente.
Defina a função de cada aluno no momento da entrevista. Qual fará registro fotográfico, quem cuidará de um relatório escrito, quem fará as perguntas, qual cuidará dos documentos de consentimento e etc.
Ensaie as entrevistas. Incentive os alunos a se entrevistarem utilizando as perguntas do roteiro. Dessa forma já se verifica se o roteiro está adequado ao entrevistado, se os equipamentos funcionam. Além disto com treino o aluno passará mais segurança e confiabilidade no momento da entrevista.
Treine os alunos para que adaptem as perguntas do roteiro utilizando sinônimos, improvisações e repetição de palavras. Pois pode ocorrer que a pergunta seja inteligível para eles, mas não para o entrevistado.
Atente-os para a possiblidade de criar novas perguntas a partir da resposta do entrevistado. Ou seja, o roteiro de perguntas é um guia e permite que seja adicionado mais elementos no momento da entrevista.interrupção e pausa de entrevista em caso de barulhos que atrapalhem o áudio da gravação.
Alerte os estudantes para sempre levarem em conta a emoção, a sensibilidade e a subjetividade dos entrevistados. Elas são parte importante da entrevista.
Prepare-os para a eventual necessidade de interrupção e pausa da entrevista em caso de barulhos que atrapalhem o áudio da gravação.
Escolha um lugar confortável para a entrevista. Este local deve acomodar todos os envolvidos e permitir que o entrevistado e os alunos fiquem a vontade para conversar sem interrupções.
Atualizamos constantemente o nosso site com tudo o que está acontecendo no(a) ENSINO DE HISTÓRIA E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL, então visite-nos para ficar sabendo das últimas novidades.

O PATRIMÔNIO CULTURAL TOCANTINENSE
O estado do Tocantins tem duas cidades com conjunto arquitetônico tombado do pelo IPHAN- O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. São elas Porto Nacional e Natividade. Além disto, possui- se as Bonecas Karajás no livro das referências culturais. Possui também 862 sítios arqueológicos cadastrados, até 2014. Conheça um pouco mais sobre eles abaixo e nos visite frequentemente para não perder nada.



BONECAS“RITXÒKÒ: A REPRESENTAÇÃO DO MUNDO KARAJÁ.
As bonecas Karajá “Ritxòkò” foram incluídas no Livro de Referências Culturais do Brasil em 2012 e são uma referência cultural significativa para o povo Karajá. Os Karajás habitam as margens do rio Araguaia. Lembremos, porém, que eles estão ali muito antes dessas terras serem definidas como estado do Tocantins, Goiás, Pará ou mato Grosso. Pela legislação vigente as bonecas são patrimônio produzido em Goiás e Tocantins. Porem são parte da cultura dos povos Indígenas e a venda das bonecas representam, muitas vezes, a única ou a mais importante fonte de renda das famílias.
O artesanato de cerâmica é feito pelas mulheres da comunidade da Ilha do Bananal e tem um valor cosmológico, sendo fundamental para transmitir a cultura do povo para as crianças. É brincando com as bonecas que as meninas aprendem a ser Karajá, entram em contato os valores, as histórias e os mitos, do seu povo. A confecção das Ritxòkò é uma atividade específica das mulheres e envolve técnicas e modos de fazer considerados tradicionais e transmitidos de geração em geração. A pintura e a decoração das cerâmicas reproduzem as pinturas corporais dos Karajá e às peças de vestuário e adorno consideradas tradicionais. Enfim, elas são a representação do mundo Karajá.
Fonte: https://turismo.to.gov.br/icones/artesanato-e-cultura/bonecas-ritxoko/


Vista noturna. Foto de Marcio Di Pietro-secom.jpg

Ruinas do Altar da Igreja. Tambem conhecido como Igreja de pedra.

NATIVIDADE: MEMÓRIA E VIVÊNCIA EM UMA CIDADE HISTÓRICA
Natividade é uma cidade fundada por bandeirantes que chegaram ao sudeste do Tocantins em 1734. Com uma arquitetura colonial característica das cidades do ciclo do ouro do século XVI e XVII, A cidade teve seu centro histórico tombado pelo IPHAN em 1987. Atualmente a cidade que fica a 220 km da Capital, Palmas encanta por muitos outros elementos que compõem o cotidiano dos nativitanos, como seus festejos, seus biscoitos artesanais, suas ruas, calçadas, casas coloniais com janelas detalhadas em madeira e muito charmosas, além de uma natureza exuberante que pode ser contemplada através da realização de trilhas e passeios no qual é possível aproveitar seus rios e cachoeiras.
Natividade possui uma atmosfera de religiosidade bastante determinante. A religião é o elemento mais notável do patrimônio cultural da cidade, cujo ponto turístico mais famoso é a ruina da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, A igreja de pedra. Essa que seria a maior igreja da época foi construída em pedra canga pelos escravos. Abandonada ao longo dos anos a igreja hoje é ponto mais visitado da cidade que também possui duas outras igrejas feitas de pedra canga, com altares adornados com pinturas e esculturas do período colonial: a pequenina igreja de São Benedito e a igreja de Nossa Senhora de Natividade, a padroeira da cidade e do estado do Tocantins. A escultura da santa que enfeita o altar é a mais antiga imagem de Nossa Senhora de Natividade e foi trazida de Portugal.
A religiosidade garante um calendário de festividade que dura o ano inteiro tendo como principais destaques a Festa do Divino Espirito Santo, cuja folia e romarias duram cerca de um mês inteiro. A Romaria do Senhor do Bonfim e o giro das folias, que levam a bandeira do Divino Espirito Santo, em longas distâncias pela zona rural durante fazem alusão as andanças de Jesus Cristo e os discípulos durante quarenta dias, e convidando todos para a sua ascensão, no caso da romaria a Ascenção é A Festa da Hóstia consagrada. No sábado e domingo no qual ocorre o final do romaria a cidade de natividade experimenta um intenso sincretismo: As procissões com cânticos típicos dos festejos do Divino, de viés católico porem próprio do reino português, as missas tradicionalmente católicas realizada pelo pároco na Igreja Matriz de Nossa Senhora de Natividade e durante a noite seguem -se as festas modernas do século XXI com músicas atuais dançantes, geralmente forró e sertanejo universitário e muita comida e bebida liberada aos foliões.

Sússia é uma dança de origem afro típica do Tocantins (foto:Jornal do Tocantins)

Ourivesaria com a técnica da filigrana

Sússia é uma dança de origem afro típica do Tocantins (foto:Jornal do Tocantins)
TURISMO DE EXPERIÊNCIA EM NATIVIDADE
Bastante focada em preservar e valorizar o seu patrimônio cultural, Natividade investiu numa educação para o patrimônio e busca proporcionar aos visitantes a oportunidade de experimentar verdadeiramente a vida na cidade. Para isso pratica o turismo de experiência ou turismo pedagógico que se caracteriza por viagens de estudo ao meio, é uma ferramenta de auxílio para a construção da percepção da realidade por parte dos visitantes, uma vez que lhes permite entrar em contato com a realidade concreta. Além disso, é capaz de gerar maior interação entre os participantes e o meio visitado.
Na prática, os grupos de visitantes passam o dia fazendo uma imersão na vida cultural: participam do processo de fabricação dos biscoitos e quitutes, colocam os trajes típicos e aprendem a dançar a Sússia, a dança dos antigos povos escravizados, com o Grupo de Danças Tradicionais da cidade, visitam a oficina de joias em filigrana, fazem todo o roteiro do Centro Histórico, a trilha do ouro na serra e tomam banhos nos rios da cidade. Para alunos e professores, a cidade de Natividade oferece um ambiente perfeito para promover a Educação Patrimonial: ali encontramos museus, monumentos, práticas culturais, danças, culinária e toda uma atmosfera favorável a aprendizagem por meio da realidade concreta e vivencia de experiencias tipicamente nativitanas.

Inaugurada em 1904, abriga a imagem da santa padroeira de Porto Nacional e foi construída com tijolo e pedra canga.

rua do centro histórico ( acervo Iphan)

Inaugurada em 1904, abriga a imagem da santa padroeira de Porto Nacional e foi construída com tijolo e pedra canga.
PORTO NACIONAL
Porto Nacional foi fundada em 1738 e hoje é uma das maiores cidades do Tocantins, fica a 52 km de Palmas, situada às margens do Rio Tocantins, teve um importante papel para o transporte de mercadorias e pessoas, principalmente vindos de Belém (PA). A cidade é marcada por uma paisagem com caráter histórico por meio da arquitetura colonial, românica e pós-moderna. O centro histórico de Porto Nacional foi tombando em 2008. A área agora sob proteção engloba a parte urbana arquitetada até a década de 1960, inclui o maior monumento e dos maiores cartões postais da cidade: a Catedral Nossa Senhora das Mercês, o Colégio Sagrado Coração de Jesus, construído pelas irmãs dominicanas na década de 50 todo em estilo francês. Os prédios e casarões foram construídos no século XIX. Em um deles funciona o Museu Histórico e Cultural de Porto Nacional com 148 peças doadas pela comunidade. Outro local a ser visitado é a Casa de Cultura, onde o visitante pode conhecer um pouco mais sobre a cultura e a história do município.
De acordo com o Iphan são estes os Monumentos e Espaços Públicos Tombados: Catedral Nossa Senhora Das Mercês, Seminário São José, Prefeitura Velha e Arquivo Municipal, Caetanato (primeira sede do Colégio das Irmãs Dominicanas), Colégio Sagrado Coração de Jesus, Prédio do Abrigo João XXIII e Biblioteca Municipal Eli Brasiliense, entre outros.
Catedral Nossa Senhora das Mercês - Situada nas proximidades da margem direita do rio Tocantins, no mesmo local da antiga capela de Nossa Sra. das Mercês, essa obra monumental foi iniciada em 1894 e concluída 1904. Representa a Ordem Dominicana em Porto Nacional, projetada em pedra e tijolos no estilo românico de Toulouse, França (região de origem dos freis construtores). A maioria das suas imagens sacras foram trazidas da França (como o primeiro sino de bronze) e de Belém do Pará.
Museu Histórico Cultural de Porto Nacional - retrata a história de Porto Nacional e de Tocantins, desde a sua origem até os dias atuais, com acervo permanente referente aos séculos XIX e XX.
Seminário São José - Antigo Convento Santa Rosa de Lima e atual sede da congregação dos padres dominicanos, desde do início da década de 1920.
INSTITUIÇÕES PARCEIRAS

SEDUC TOCANTINS
Incentivo a formação continuada
Secretaria da Educação e Cultura do Estado do Tocantins. Entidade empregadora que concedeu licença para a realização do Mestrado

CAPES
programa de incentivo a pesquisa
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)
fundação vinculada ao Ministério da Educação do Brasil que atua na expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu em todos os estados do país e atua na concessão de bolsas aos participantes dos projetos de pesquisa